sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Bruto, Rústico e Sistemático.

João Carreiro e Capataz

Tudo que dá na TV minha muié qué fazê
Não mede as consequências
Fez um tar de topless
Quando vi me deu um stress
Perdi minha paciência
Por mim faltaram respeito
Na muié eu dei um jeito
Corretivo do meu modo
No quarto deixei trancada
Quinze dia aprisionada
E com ela não incomodo
Aqui não
Posso até não ser simpático
Comigo não tem desculpa
Minha criação é chucra
A verdade ninguém furta
Sou bruto, rústico e sistemático
Fim de semana passado
Conheci o namorado da minha filha caçula
Achei que não depareia
Tava de brinco na orelha
E o corpo cheio de figura
Não suportei muito tempo
Nesse relacionamento eu tive que opinar


Sujeitinho era roqueiro
Não dá certo com violeiro
Nos num ia combinar
Aqui não
Posso até não ser simpático
Comigo não tem desculpa
Minha criação é chucra
A verdade ninguém furta
Sou bruto, rústico e sistemático
Sistema que fui criado
Ver dois homem abraçado
Pra mim era confusão
Mulher com mulher beijando
Dois homens se acariciando
Meu Deus, que decepção
Mas nesse mundo moderno
Não tem errado e nem certo
Achar ruim é preconceito
Mas não fujo à minha essencia
Pra mim isso é indecência
Ninguém vai mudar meu jeito
Aqui não
Posso até não ser simpático
Comigo não tem desculpa
Minha criação é chucra
A verdade ninguém furta
Sou bruto, rústico e sistemático





Bruto, rústico e sistemático - João Carreiro e Capataz

A música “Bruto, rústico e sistemático” foi lançada em 2009 pela dupla João Carreiro e Capataz, nela é retratado o pensamento de uma pessoa do interior, de um “caipira” que possui pensamentos machistas, preconceituosos e homofóbicos.
Observamos esses pensamentos em trechos como “Na muié eu dei um jeito/Corretivo do meu modo/No quarto deixei trancada/Quinze dia aprisionada” onde está explicito o machismo de achar que a mulher merece um castigo por fazer topless e envergonha-lo. Outro trecho que demonstra um claro preconceito é esse “Tava de brinco na orelha/E o corpo cheio de figura/Não suportei muito tempo/Nesse relacionamento eu tive que opinar/Sujeitinho era roqueiro”, onde ele julga o namorado de sua filha pela aparência, por ser tatuado e ter piercing, criticando o estilo de vida moderno em que a população faz resistência, o que não muito bem visto diante da mídia e da população. A homofobia é retratada nesse trecho “Sistema que fui criado/Ver dois homem abraçado/Pra mim era confusão/Mulher com mulher beijando/Dois homens se acariciando/Meu Deus, que decepção/Mas nesse mundo moderno/Não tem errado e nem certo/Achar ruim é preconceito/Mas não fujo à minha essência/Pra mim isso é indecência”, onde a homossexualidade é vista como indecência, uma visão de extrema ignorância já que o homossexual é tão humano e tão normal como alguém heterossexual.
Essa música gerou polemica na vida da dupla, já que a militância LGBT não gostou muito da letra da canção e acusaram João Carreiro e Capataz de serem homofóbicos, mas a dupla se defendeu dizendo “a música é só uma história, e o personagem principal é um sujeito antigo, caipira, como se fosse um avô nosso. A letra só reflete o pensamento do sujeito rústico dessa época, é só uma história, não é uma opinião minha. '‘.

Beatriz Alborgheti

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